Defeito perfeito

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Pelo sucesso do post de ontem (e pelas respostas que tenho recebido na pesquisa do blog) vocês gostam de temas que mostrem a moda como um tema passível de muita reflexão e debate, né? 😀

Pois aproveito o momento pensante para publicar um textinho que vi no blog Le Croissant, e achei tão delicado e ao mesmo tempo tão forte.

O “defeito perfeito” do título do post não é meu. Foi transcrito do Le Croissant, assim como o texto a seguir.

Sylvie Vartan

“O nariz mais feio que eu já vi na vida estava jantando no Marais sexta passada, estrategicamente colocado bem no meio do rosto de uma mulher linda, moderna e aparentemente bem feliz. Como também parecia bem feliz o cara que gargalhava junto com ela e segurava apaixonadamente sua mão.

Olhando o nariz feio, pensei no defeito mais tipicamente francês que existe: os dentes levemente separados e projetados pra frente, chamados por aqui de dentes da alegria pela lembrança de uma longa infância de dedinhos chupadossem censura. Na dose certa fica um charme de matar, principalmente considerando o biquinho da pronúncia que normalmente acompanha. Ao primeiro que falar credo recomendo googlar Julie Delpy, Vanessa Paradis e Ingrid Chauvin.

No Brasil, como se sabe, a classe média alta não sofre de defeitos charmosos. Aos dez anos colocamos aparelhos nos dentes, aos doze operamos narizes estranhos orelhas de abano, aos quinze entramos na academia e começamos um regime sério, aos dezessete fazemos escova progressiva a cada dois meses – e aos vinte, enfim, somos todas idênticas”.


PS.: O Le Croissant é o blog da jornalista Carol Nogueira, que é brasileira e está morando na França (ou estava, faz tempo que ela não atualiza o blog =/). Ela tem um texto delicioso, que faz com que a gente “perca” horas e horas lendo tudinho do blog, até chegar à postagem inicial. Cheguei lá recomendada por duas amigas queridas (oi Luana e Guia!) e viciei. 

Comentários

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6 Comments

  1. Izadora Medeiros says:

    “Aos dez anos colocamos aparelhos nos dentes, aos doze operamos narizes estranhos e orelhas de abano, aos quinze entramos na academia e começamos um regime sério, aos dezessete fazemos escova progressiva a cada dois meses – e aos vinte, enfim, somos todas idênticas”.

    Perfeito!

  2. Iris says:

    Adorei, Gladis!

  3. Carol Vasconcelos says:

    Nossa, PERFEITO!!!!!

  4. Ana Carolina Tavares says:

    Brilhante!

  5. Meire says:

    Gladis, isso me lembrou minha sogra (que é linda). Ela disse que tinha muita olheira quando era adolescente e que muitos garotos achavam lindo, chegavam até a fazer poesias para ela citando o ar misterioso daquelas olheiras. Legal, né? Não sei se é impressão minha, mas acho que dentro dos próximos anos vai ser cafona (pra mim já é) essa coisa de gente feita em série. Os homens já começaram uma certa rebelião ao perderem o medo de demonstrar o quanto apreciam mulheres mais cheinhas e já são sinais de que perderam o encanto por mulheres plastificadas. Adorei o post!

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