Fim de semana passado eu fui (de novo) dar uma olhadinha no outlet da Kate Spade e saí de lá com a auto-estima da Valexxxxca Popozuda, gritando “eu sou a diva que você quer imitar”.
Provei 1, 2, 3… 10 vestidos na loja e todos ficaram absolutamente perfeitos, com caimento incrível. Eu tinha uma cintura finíssima, meus peitos cabiam dentro do vestido e, mais do que isso, estavam arredondados e não achatados dentro da roupa. Não parecia que eu tinha um ombro mais alto que o outro, nem que meu quadril triplicou de tamanho no último ano. E me perguntava o tempo todo diante do espelho “gente, essa sou eu?”.
Isso tudo depois de algumas semanas em que tenho me achado (ou estado realmente? Não sei, não tenho balança) muito mais gorda. E, veja bem, eu não tenho problema em ser/estar gorda. Vamos falar de gorda, de gordura, de banha e buchinho, porque esse negócio de “plus size” é muito uó. É gourmetização da gordura.
Mas voltando à minha gordura… Um monte de gente vai ler isso e dizer “ai Gladis você não é gorda, olha o drama”. Outras vão ler e me achar uma obesa. Tudo depende, já diria alguém. E o que está em questão não é isso.
Como eu ia dizendo, passei os últimos dias me achando gorda and feia. Mas uma coisa que me deixa muito intrigada é que, mesmo 10 kg acima do peso que eu gostaria de ter, continuo me achando bonita quando me olho nua no espelho. Veja bem, eu disse nua, pelada, naked, sem nehum trapinho me cobrindo. Vou tomar banho aí me olho no espelho e já penso “oi gatan, você tem Tinder?”
Sem brinks! Me acho super gostosa e super me pegaria se um boy eu fosse.
Mas porque que quando me arrumo fico horrorosa?
Aí passei a perceber que só me acho gorda – de verdade – quando estou vestida. E, cada vez mais, as roupas me dão essa sensação. Tem vestido que vem com um bucho de 7 meses acoplado. Tem a promoção “na compra desta blusa ganhe um peito caído”. Tem as maravilhosas calças que não cabem suas coxas mas cabem duas pretas gil na cintura. Aliás, cintura é uma coisa complicada hoje em dia, desconfio que a maioria das pessoas que fazem modelagem desconhecem a existência dessa curva feminina.
Então eu só posso lamenter que a modelagem ruim das roupas que a gente compra tenha me feito pensar que sou gorda por tanto tempo. Na verdade eu acho que peso 40 kg e a culpa é toda das roupas bagaceiras que encontro por aí =P
Essa sensação que provei na Kate Spade é a mesma que tenho com as roupas maravilhosas da Afer, em São Paulo, e as saias de Juraci Lira, em Natal. Modelagem, gente. A roupa é feita para vestir um ser humano e não um cabide. Por mais magra que seja uma pessoa, entre o busto e o quadril nunca vai ter uma linha reta. Anatomia é mais importante do que qualquer tendência na hora de criar uma peça!
E aí aproveito para indicar a ótima entrevista da Regina Guerreiro para o Belezinha e transcrevo a parte em que ela fala sobre a magreza excessive das modelos hoje em dia:
“… é muito mais fácil vestir pessoas assim. São verdadeiros cabides, tudo cai bem. Antigamente, uma roupa de alta-costura não ficava ruim em ninguém. Existia toda uma arquitetura, uma engenharia que deixava você maravilhosa. As mulheres reais não são cabides.”
Aí vem mimimimodelo tem que ser esquelética para a roupa poder cair bem. A roupa de quem não sabe fazer, né? Porque os grandes mestres da haute couture vestiam perfeitamente as mulheres com curvas, meu bem!
Um outro agravante nessa (minha) história é que, desde que cheguei aqui nos Estados Unidos, caí no transe de “só vou comprar roupa barata, tem tudo por 5 dólarrr aqui, uhuuu, como é barato comprar roupa”. Sim, roupa mal feita é muito barato. E eu não sou louca de achar que posso me vestir todos os dias só com marcas que têm uma modelagem incrível. Não tenho dinheiro pra isso. Mas tenho sim conhecimento suficiente para perceber que mais vale uma peça cara e perfeita do que 15 baratinhas que não me vestem bem.
Coloquei na cabeça que tenho duas opções na vida: ser muito rica ou aprender a costurar e fazer as minhas próprias roupas. No momento, por motivos de ‘não sei lidar com dinheiro’, acho que a segunda opção é mais viável.
Pronto, era só esse desabafo que eu queria fazer. Podem continuar com a programação normal da internet. Beijos.
Guria, tu me representa!
Hahaha Silvia, sua linda <3
Essa é minha garota!
Luanaaaaaa! saudade! <3
Ameeei o post!
Mas cadê as fotos dos 10 vestidos?? 😀
Ótimo texto. Eu não estou a cima do peso e sinto dificuldade em encontrar boas modelagens. Sinto que devo colocar 300ml de silicone e ganhar uns 20 cm de cintura, aí sim as roupas serviriam.
Você traduziu exatamente o que eu sinto. Quando alguém (bem íntimo, claro) me diz que já fui mais magra ou que engordei um pouco, eu chego em casa e faço A autoanálise. Aí penso comigo: cara, não é possível – devo estar me sentindo demais pra olhar e não perceber tudo isso que eles falam. Não que eu seja o padrão Gisele de qualidade, mas eu tenho peito, porra! E tenho coxa!!! E tenho bunda!!! E cada roupa que eu coloco, espreme uma dessas partes. Sinto na pele seu problema com os peitos, e com roupa que passa pela coxa, mas sobra tanto na cintura, que te engorda mais dez kilos. É patético como a roupa é feita pra um padrão só. Eu gostei muito da loja que você fez o catálogo (Afer) e até me encontrei um pouco mais lá, mas realmente, ou sendo muito rica ou costurando. Eu não tenho dinheiro mas também não tenho talento pra costura, portanto, se você fizer, abre uma lojinha pra galera tá? rs Beijos!!
Hahahahaha olha que eu to pensando mesmo em fazer isso, Dannie! Aprender a fazer roupa e vender por um preço honesto para quem gosta desse estilo <3
Assino embaixo. Faz toda a diferença a modelagem. Arrasou no post!
Muito bom, Gladis, post sincero e divertidissimo.
É minha primeira visita ao seu blog e já vou comentar! Cheguei aqui por causa do seu post sobre o outlet da Kate Spade em Orlando. Cara, eu tenho que concordar: os vestidos da Kate Spade são maravilhosooooooooooooosss e tudo graças a modelagem!!! dá pra ver na hora! foram feitos pra valorizar o corpo no sentido mais feminino e menos vulgar que existe!!!!
Muitas vezes, de verdade, me vi diante das suas opções: ser rica ou aprender a costurar. Mas não largo minha profissão!!! Então, venho aqui te incentivar: vai fundo!!!! aprende a costurar e abre sua loja! As brasileiras são muito carentes de bom design (nacional e acessível) feito pra mulheres de verdade, jovens ou maduras, reféns do culto às magras com corpo de adolescente. Vc já tem clientela hein!
bjs e tudo de bom!
Ahhhhh que bom ouvir isso, Glaucia! 😀
[…] a indústria de moda brasileira tem sérios problemas com curvas e eu já falei sobre isso aqui. E, quase sempre, quanto mais barata a roupa, pior a modelagem. Quando você compra uma camisa […]