Lane Marinho e as sandálias mais lindas do mundo

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lane-marinho Eu passo grande parte do dia em frente ao computador. Muitas horas trabalhando, outras tantas procrastinando, mas sempre lendo mil coisas sobre moda e design, que são assuntos que eu nem preciso falar que prendem muito a minha atenção, né?

Pois bem, quando a gente lê e vê muita coisa sobre moda, depois de um certo tempo a gente se acostuma a ver sempre o mesmo tipo de coisa. A vida segue linear, a gente vai clicando em vários links, vendo vários produtos parecidos, até que… BUM! Uma coisa como o trabalho de Lane Marinho pipoca na sua timeline e você fica assim, sem fôlego, com os olhinhos brilhando e pensando “que coisa mais incrível!”.

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A moça é baiana, mora em São Paulo, trabalhou como designer em algumas grandes empresas do segmento de calçados e largou tudo para se dedicar a um projeto experimental de fazer sapatos artesanais. “Largou tudo” não é a expressão correta para se usar aqui. “Abraçou tudo” seria melhor, pois foi isso que ela fez. Abraçou um ritmo de produção diferente da manufatura, trabalhando em casa, fazendo tudo com as próprias mãos. Do desenho aos acabamentos.

Cada sapato que ela faz é único. Até mesmo um pé pode sair um pouco diferente do outro e isso não é – absolutamente – um defeito. É um charme e tanto! Os modelos levam dias para ficarem prontos e custam, em média, R$ 600,00.

Além dos sapatos, Lane também faz pinturas belíssimas – que você pod ever no site mas não estão à venda – e monta cenários lindos, cheios de elementos naturais e combinação de cores para fotografar as sandálias. O Instagram dela é um sonho e vale a pena seguir (@lanemarinho).

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E, como se não bastsasse ser tão talentosa, a moça é também muito querida. Entrei em contato com ela para fazer essa entrevista e ela foi um doce. Quando voltar pro Brasil quero entrevistá-la pessoalmente! Por enquanto, vamos saber mais um pouquinho da história de Lane Marinho e desses sapatos incríveis…

 

Me fala um pouco da sua infância e da sua adolescência, Onde você nasceu? Você já tinha uma aproximação com arte?

Sou baiana, de Salvador e minha infância se dividiu entre a vida na capital e as férias no interior do estado, onde meus pais nasceram. E desde pequena tive contato com desenho e também com atividades manuais como bordado, crochet e costura. E segui assim, sempre experimentando com as mãos.

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Qual é a sua formação e como começou a sua vida profissional? Sempre esteve no meio de design/criação ou fez alguma coisa totalmente diferente?

Eu comecei estudando Design Gráfico em Salvador, depois me transferi pro Sul do país, onde cursei Design de Produto. Mas sempre fui muito curiosa e buscava meios de experimentar além do que a faculdade permitia, de forma autodidata. Com cursos cada vez mais teóricos e menos práticos no Brasil, sentia necessidade de continuar a usar as mãos: costurar, bordar, cortar, colar. E fazia isso fora da faculdade, em qualquer tempo extra. Acho que minha formação aconteceu mais na vida do que nas salas de aula. E entre estudos e trabalho, passei quase 10 anos trabalhando em grandes empresas de sapato, como Grendene e Grupo Arezzo (marcas Schutz e Alexandre Birman).

Como começou esse trabalho tão delicado com os sapatos? Como foi o início?

Eu decidi experimentar materiais novos num tipo de produto que eu já estava em contato há muito tempo. O projeto nasceu de forma orgânica, sem muito planejamento, mas com muita vontade de testar. A idéia nem é mesmo ter uma “marca” no sentido convencional da coisa – coleção inverno-verão / loja própria / showroom / pronta-entrega, etc. A vontade era mesmo de experimentar fazer sapatos, depois de passar 10 anos desenhando e acompanhando a manufatura. Queria ver no que ia dar se eu projetasse o produto e executasse a idéia depois, com minhas próprias mãos (que é diferente do “mandar-fazer”). Por isso chamo o projeto de experimental, já que aprendo enquanto faço.

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Que materiais você usa? Quanto tempo demora para um par de sapatos ficar pronto?

Todo o processo é artesanal: É tudo cortado e feito à mão, incluindo as solas, os saltos, tudo. Por isso cada par leva em média 48 horas pra ficar pronto. Alguns levam 1 dia inteiro só pra bordar. E mais 1 dia pra cortar e montar. Nas flats uso couro tipo soleta, que é couro bovino, aquele mais duro. Uso este couro que é quase sem tratamento algum. E, basicamente, cordas, pedras naturais (como jade, howlita, corais), conchas verdadeiras, pérolas e aquele tecido quadriculado que é talagarça, um tecido-base para trabalhos de ponto arraiolo e tapetes.

Você acredita que esse tipo de produto, de produção artesanal, mais carregado de significados, é uma nova tendência de consumo? As pessoas querem desacelerar e ter algo mais especial? (Essa última é mais uma vontade minha disfarçada de pergunta hahahahaha mas queria saber sua opinião sobre isso).

Eu acredito que sim. Acho que é uma tendência de “estilo de vida” menos acelerado e mais consciente.  E que isso traga um período de paz e menos “angústia-consumista”. Eu torço por isso. Ter menos e ser melhor, talvez seja essa a chave da felicidade.

 

Estou com essa frase dela na cabeça há dias… “ter menos e ser melhor”. Espero que toque vocês também e que vocês se encantem tanto quanto eu com esse trabalho.

Para quem  quer ver mais modelos e/ou encomendar o seu par, eis o site da moça www.lanemarinho.com

(E se você gostou dessa matéria, talvez se interesse também pelo trabalho de Espedito Seleiro, sobre o qual eu falei aqui)

Comentários

Comentários

5 Comments

  1. Renata says:

    Meu Deus do céu Gladis, que coisa mais linda!!!!

  2. Khrystal says:

    Os mais mais!!! Amei a entrevista..e ela ainda é linda!
    Na época que entrei em contato,ela pediu pra esperar..vou tentar de novo,quem sabe dessa vez dá certo!

  3. Mag Barbosa says:

    Eu sigo o instagram dela. Arrmaria, acho que não tinha coragem de calçar, botava na parede. Arte.

  4. Alê says:

    Quanto tempo demora essa fila de espera? Quero MUITO uma dessas!!!

  5. As clutches com estampas de baralho de Urania Gazelli | Salto Agulha says:

    […] lembram que eu falei recentemente sobre o trabalho incrível de Lane Marinho e como eu encontrei as sandálias mais lindas do mundo , por acaso, no Instagram? Pois bem, outro trabalho que conheci há pouco e me chamou bastante a […]

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