Pode até parecer um contra-senso, mas apesar de moda significar mudança, ruptura, ela está sempre com o pé no passado. Os mais renomados estilistas, vez por outra, voltam aos mais longínquos tempos para buscar inspiração e reinventar a moda.
Você não suporta usar a mesma coisa que todo mundo? Odeia padronização? Tem interesse pela cultura das décadas passadas? Gostaria de comprar uma peça de roupa cuja história você achasse interessante? Adoraria ter uma jaqueta de couro igual a que James Dean usou no filme Juventude Transviada de 1955? Acha que ficaria um arraso usando uma legítima calça boca de sino ou uma camisa de estampa psicodélica, no melhor estilo flower power, que dominou os anos 70? Pagaria qualquer preço por um sapatinho estilo boneca confeccionado nos anos 40? Quando você pensa em sensualidade e elegância as imagens que vêm à sua mente são de Marylin Monroe, Rita Hayworth e Audrey Hepburn?
Se você respondeu sim para alguma dessas perguntas, o seu lugar para fazer compras é um brechó. Os brechós vêm ganhando um espaço cada vez maior, apoiados na condição de serem templos atemporais onde pode-se encontrar peças antigas para compor um visual único e cheio de personalidade. Os primeiros brechós de roupas, ainda no século XIX, não tinham nada de glamourosos. Eles surgiram simplesmente como lojas de roupas de segunda mão, procuradas por aqueles que não tinham dinheiro para pagar por peças novas. Com o passar dos anos, o mundo da moda começou a fazer releituras do passado no lançamento das novas coleções, e começou a surgir a moda Vintage.
A tendência Vintage funcionou como uma permissão do mundo fashion à utilização de coisas antigas, a moda começava a admitir a reciclagem. Desta forma, numa relação contraditória, tornou-se sinal de modernidade vestir-se como no passado. A situação foi evoluindo cada vez mais em favor dos brechós, e hoje em dia eles se multiplicam e atraem cada vez mais adeptos.
Colecionando sonhos…
Tudo começa com um colecionador incurável, uma pessoa que adora garimpar peças em antiquários, e que um dia resolve transformar o hobby em profissão. Foi assim com o casal Clóvis Mezzomo e Crisnara Santos. Ele um inveterado colecionador de antiguidades gaúcho, chegou a restaurar inteiramente uma casa no Rio Grande do Sul, que pertenceu a um soldado do exército de Bento Gonçalves, líder farroupilha que entrou para a história do país.
Para Mezzomo, cada parede daquele lugar guardava um mundo de informações das pessoas que ali viveram. Sempre foi daqueles que antes de comprar qualquer coisa pesquisava toda a história do objeto. Por uma dessas coincidências da vida, acabou casando-se com uma ávida compradora de roupas de brechó. Crisnara Santos é potiguar e adora moda, mas não segue tendências. Longe de ser uma fashion victim, ela sempre garimpou em brechós peças para compor seu visual.
Quando decidiram voltar a morar em Natal, começaram a pensar num negócio em que pudessem trabalhar na cidade. Foi aí que eles viram a oportunidade de trabalhar com aquilo que tiveram como diversão a vida inteira.

“Entre ter uma loja de roupas tradicional ou qualquer outra empresa e um brechó, nós ficamos com a segunda opção. Ter um brechó me encanta, eu faço isso com prazer. Escolho o que vai ser vendido aqui garimpando em outras cidades o que de melhor eu possa trazer para oferecer na cidade. E quando você pode trabalhar com prazer, a gratificação é muito maior”, diz Mezzomo, entusiasmado.
Foi assim que nasceu o Brechó Vip. Situado na avenida Afonso Pena, o corredor de lojas mais caras da cidade. Na entrada, um corredor estreito nos leva a um mundo de sonhos. A impressão de que entramos num túnel do tempo é inevitável. Porcelanas, sapatos, roupas, chapéus, objetos de decoração e muitas outras coisas dividem harmonicamente um espaço encantador. Mexendo nas araras é possível encontrar verdadeiras relíquias, como um sapato bicolor Versace, e vestidos autênticos de grandes nomes da moda como Jonn Galliano, Moschinno e Dior.

Crisnara explica que este é o diferencial do Brechó Vip, “A minha idéia é ter um brechó com cara de loja, justamente por isso escolhi a Afonso Pena. Muita gente me achou ousada por abrir um brechó aqui, mas a idéia é justamente esta. É um brechó de alto nível, onde você encontra as melhores marcas do mundo, a preços que todo mundo pode comprar”.
Ratos de brechó!
É muito fácil identificar os potenciais compradores de brechós. A forma como se vestem denuncia rápido. Customizam roupas, criam estilos próprios, e sempre dão um ar retrô às suas produções. O gosto pessoal também dá pistas. Adoram filmes antigos, fotografias em preto e branco e acham que nasceram na época errada.

Nalva Melo se encaixa perfeitamente nessa descrição. Dona de um salão de beleza, ela sequer consegue lembrar quando começou a paixão por coisas antigas. “Olha, eu me lembro, que desde que me entendo por gente eu já gostava. Acho que desde sempre fui apaixonada por coisas que tragam consigo uma historia. Por causa disso, estou sempre procurando em brechós, antiquários e até mesmo no lixo, um móvel, um objeto qualquer que possa estar lá à minha espera. Por causa disso, meu cunhado até já me chama de lixeira”, diverte-se.
Alheia ao apelido, ela segue garimpando peças raras. Seu maior orgulho é uma cadeira de barbeiro do século XIX (foto), onde atende seus clientes, sempre admirados com o visual do salão. “Meu xodó é esta cadeira. Eu tenho uma cadeira do século XIX. Gente, tem noção do que isso significa? Adoro todas as peças que garimpo por aí, mas essa cadeira é muito especial”, derrete-se.
2 Comments
adorei o site muito legal..
mas preciso saber se vcs ai do brecho compram roupas ou diversos, pois tenho um tapete garande de zebra
é lindo ,mas ão combina com aminha sala…
caso vcs comprarem estou disponivel a vender..
Oi Bianca, o Brechó onde fiz essa matéria não existe mais =(